domingo, 13 de março de 2011

Aulinha de perdão: perdoar é um ato de fé

Desde criança, minha mãe e avó, principalmente, ensinaram que se deve perdoar sempre e incondicionalmente. Esta ordem vinha atrelada à comparação  com a infinita capacidade de Deus em nos perdoar, por meio do sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Poxa, é claro que eu tinha que perdoar. 

Só que a lição ficou pela metade. Minhas queridas não ensinaram a processar o perdão dentro de mim. Tipo assim: se há um ofensor precisando ser perdoado é porque há uma ofensa; se existe uma ofensa, existe também uma ferida emocional no coração do ofendido. 

Como perdoar para que, de fato, a ferida seja curada e, a partir daí sim, o relacionamento entre ofensor e ofendido restaurado? 

Se o perdão for automático ou se não houver perdão, para onde vão os ressentimentos? Se o relacionamento é restaurado e o ofensor continua pisando na bola, eu tenho que perdoar e perdoar e perdoar, a vida inteira, mantendo uma relação sem solução?

Há uma palavrinha que merece atenção especial: amargura. Amargura é o sentimento provocado pelo ressentimento guardado em função do não-perdão. A amargura tem o poder de se instalar no nosso coração e na nossa mente, de forma silenciosa e quase imperceptível; mina a confiança, a esperança, a alegria e o amor. Provoca doenças. 

Sem perdão, ofendido e ofensor ficam ligados em uma aura de maldição.
Afinal, está assumida a oração: “perdoai-nos Pai, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Então, enquanto você não perdoa... Deus está autorizado, por nós, como ensinou-nos Jesus, a não nos perdoar. 


desejo mais intenso nos casos de ofensa é do ofensor querer libertar-se, distanciar-se do ofendido. Pelo menos, é o que geralmente se esbraveja para os amigos. Por isso, atenção para este fato: a libertação não acontecerá enquanto não houver o perdão. 

enquanto o perdão não acontece, a amargura se implanta de forma invasiva na nossa alma, contaminando o pensamento, nossos sentimentos e o comportamento.  O estrago pode não ficar restrito àquela relação. O medo, por exemplo, de que a ofensa se repita pode prejudicar e até impedir outros relacionamentos. 

Então, como processar corretamente o perdão? Eu aprendi assim e até elaborei um passo-a-passo que eu chamo de “aulinha do perdão” para não me perder.

1-   Identificar a ofensa e todo o estrago emocional decorrente dela. Atente para o fato de que isso vale para quando você é o ofendido ou quando é o ofensor. O diagnóstico tem que valer para qualquer tamanho de ofensa – grandes, médias ou pequenas. Quando deixamos passar enésimas pequenas, estas viram um monstro de amargura, com altíssimo poder destrutivo.

2-   Identificada a amargura, faça uma oração e peça que o Espírito Santo de Deus, aja na sua vida para que este sentimento não se instale. 

3-   A ofensa pertence ao ofendido. O ofendido é, portanto, o dono do perdão. Ninguém pode perdoar no lugar do ofendido. 

4-   Como seres humanos, não temos a capacidade de perdoar. Humano é querer revidar a ofensa da mesma forma ou com mais intensidade ainda. Só perdoamos porque recebemos um ensinamento que veio de Jesus Cristo. Não há amor, nem paz, sem o perdão. Não há relacionamento com Deus, sem perdão. Então, perdoamos porque acreditamos nisso. Este é o estado de racionalidade do perdão. Perdoamos porque temos fé no amor e no poder de Deus, que é misericordioso por natureza.

5-   Quanto mais imediatamente à ofensa perdoamos, mais rápido recuperamos a saúde física, emocional e de nossos relacionamentos, mas o mais importante: o  perdão rápido é o mais difícil e por isso é uma possante prova de fé. Quando estou com o meu peito dilacerado, minha mente e coração carregados da raiva, tristeza, decepção e humilhação é impossível perdoar – porque não esta não é uma capacidade humana. Este é o melhor momento para pedir socorro a Deus e orar: “eu perdôo tal pessoa que me fez tal ofensa; Senhor que o Espírito Santo lave meu coração de todo ressentimento e amargura.” O mesmo vale para pedir perdão a Deus e ao ofendido por uma ofensa praticada.

6-   É imperativo falar: “eu perdôo” ou “eu peço perdão,” primeiro em oração a Deus e, na seqüência, se você é o ofensor, para o ofendido. 

7-   Acredite que o Espírito Santo vai operar neste relacionamento a fim de libertar – você é o seu ofensor de toda a opressão. Esteja preparado para um encontro.

8-   É comum que mesmo depois de abrir seu coração para Deus e até de ter uma conversa com o ofensor e perdoar com sinceridade, os sentimentos ligados a ofensa ainda possam incomodá-lo. Quando isso acontecer, o pensamento deve ser firme: “eu já perdoei; raiva, amargura, ressentimentos não me pertencem mais.” Ore e chame o Espírito Santo para atuar nesta situação, quantas vezes for necessário.

Este artigo ficou muito longo, e ainda há aspectos importantes a tratar. Vou deixar para próximas postagens. Por enquanto, fica isso: diagnosticar a ofensa, identificar seus sentimentos em relação a isso, orar pela ajuda do Espírito Santo de Deus e perdoar. Funciona.  E muito!

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